Teste de resistência à temperatura
Muita gente tem nos perguntado sobre este assunto: este material suporta “x” graus de temperatura?
Normalmente fazemos uso dos dados do fabricante do material para responder a esta questão, pois, existem testes padronizados que seguem normas rígidas para obtenção de dados. Para resistência a temperatura normalmente citamos:
- Temperatura de amolecimento VICAT seguindo a norma ISO 306
- Temperatura de deflexão térmica, seguindo a norma ASTM E 2092
- Temperatura de deflexão sob carga, seguindo norma ASTM D 648
O primeiro problema que se apresenta é que cada fabricante usa um método, que embora padronizado, é levemente diferente dos demais, fazendo que as comparações não sejam feitas de forma direta. Outro ponto é que os testes são dos materiais e não das peças impressas, onde muitas características dependem de sua impressão.
Resolvemos fazer um TESTE COMPARATIVO, o mais visual possível, de modo que os materiais possam ser comparáveis. Tentamos padronizar o máximo possível, usando sempre o mesmo STL, a mesma impressora, e testando todas as peças juntas, mas é importante dizer que este não é um teste PADRÃO, mas um modo de comparar materiais impressos e tentar respondem à questão: preciso que o material aguenta “x” graus, qual material devo usar?
Colocamos todos os materiais impressos em uma mesma estufa e fomos aumentando gradualmente a temperatura da mesma. Infelizmente a estufa do nosso laboratório não possui tampa de vidro, deste modo para verificar o estado das amostras temos de abrir a porta, e não conseguimos acompanhar em tempo real o que estava acontecendo. Como este não é um teste padrão e o propósito é falar em escala de uso, certamente as informações obtidas são muito válidas, embora não sejam de grau em grau.
Segue a forma como foram feitos os testes:
- A cada ajuste de temperatura aguardamos 30 min para estabilizar antes de mudar a temperatura, que foi ajustada de 10°C em 10°C;
- Todos os testes citados acima usam uma pressão padronizada sobre os corpos de prova, nós usamos porcas de dois tamanhos para verificarmos se fazia alguma diferença: as duas porcas pequenas juntas pesam, em média 19,7 gramas, as porcas maiores pesam 30 gramas em média;
- Como não se trata de um teste padrão, mas de comparativo, usamos o peso e não a pressão exercida como diferencial.
Nossa percepção após o teste é que depende muito mais da natureza e das características intrínsecas dos materiais do que do peso que estava sobre os corpos de teste.
Resultados:
- Começamos com 55°C e todos resistiram bem.
- Mas já ao chegarmos próximo a 60°C, os dois PLA tanto o premium, como o PLA normal cederam.
- A Resina de Cura UV TITAN, aquela que resiste a marteladas, cedeu junto com os PLA. Quando repetirmos os testes vamos testar outros tipos de resinas de cura UV.
- O ECOPLA seguiu intacto até passar levemente de 60°C.
- Aproximadamente aos 65°C o PVB cedeu.
- Próximo aos 70°C nosso PETG afundou.
- Acima de 70°C, apenas ABS e PP resistiram, ou seja, qualquer aplicação para o interior de um carro, por exemplo, o ideal é fazer em ABS ou PP, talvez em PETG.
- O ABS resistiu até um pouco acima de 100°C, ao redor de 105°C, ótimo para aplicações onde a esterilização pelo calor é usada.
- O melhor material em resistência ao calor é o PP, o mais novo do nosso portfólio!
- O PP resistiu até 135°C, surpreendente para um termoplástico, embora a partir desta temperatura ambas as amostras começaram a apresentar “barrigas” no nosso teste.
- O PP FL100 acabou cedendo aos 135°C. Já o PP FL 105, passou dos 140°C. O PP, além desta ótima resistência térmica, tem uma resistência química excepcional e resiste à maioria dos solventes que derrubam o ABS ( acetona, solventes clorados, etc…), o que o torna uma opção para ambientes quentes e com a presença de solventes (ambientes fabris, dentro do capô de carros, por exemplo).